sexta-feira, 23 de junho de 2017

Brasil é o 7º em acesso à internet entre nações da América Latina e Caribe


Na América Latina e Caribe, apenas 49% da população tem acesso à internet - Arquivo RIO - No mundo globalizado, a internet assume um papel cada vez mais importante para pessoas e empresas. Mas, infelizmente, nem todos usufruem das facilidades que a web proporciona. Análise feita pela Alliance For Affordable Internet (A4AI) sobre as políticas e regulamentos desenvolvidos para tornar a internet mais acessível para a população mostra que o Brasil ainda tem muito a fazer pela frente. De acordo com o relatório de acessibilidade referente à América Latina e Caribe, o país ocupa a sétima posição, atrás de Colômbia, México, Peru, Costa Rica, Equador e Argentina. Na região, 49% da população tem acesso à internet e apenas 35% à banda larga móvel. No ranking global, que reúne 58 países, o Brasil aparece em 10º lugar.
Por aqui, o cenário não é muito animador. De acordo com Rafael Zanatta, pesquisador de telecomunicações do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o Brasil passa por um momento delicado, onde as políticas de banda larga foram praticamente paralisadas.
- Há profundas desigualdades regionais no Brasil e mesmo dentro de estados ricos como São Paulo, onde há milhões de famílias desconectadas. Os fundos de universalização como o FUST nunca foram utilizados. Nos últimos vinte anos, o FUST arrecadou R$ 20 bilhões. Só 0,5% foram utilizados para universalização das telecomunicações, de acordo com o Tribunal de Contas da União. É preciso rever isso urgentemente, garantindo utilização de políticas para zonas carentes, zonas rurais e locais de baixo investimento em infraestrutura - aponta Zanatta, que coordenou o livro "Escassez artificial - Contestando a implementaçao da franquia de dados na internet fixa" (para baixar a publicação, clique aqui).
O especialista explica que o estudo da A4AI analisa um conjunto de políticas públicas para garantia do acesso à internet. O Brasil, apesar de ter o Comitê Gestor da Internet e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) atuando em diferentes áreas - conexão à internet e telecomunicações -, falha em utilizar corretamente os fundos de universalização e falha em promover a competição para pequenos provedores:
- Hoje, infelizmente, 85% do acesso é provido por grandes operadoras como Net, Telefônica e Oi. O Brasil precisa estruturar seriamente uma política de promoção aos pequenos provedores. São mais de 2.000 hoje no país, mas eles precisam de competitividade em grandes centros urbanos.
Para que o Brasil reverta este quadro e avance em relação a outros países da região em maior acessibilidade da população à internet e aos serviços oferecidos, inclusive em termos financeiros, há muito o que melhorar. Primeiro, diz ele, é necessário estruturar políticas públicas que dialoguem e ter mecanismos de coordenação institucional dessas políticas (Brasil Inteligente, Banda Larga nas Escolas, Plano Nacional de Banda Larga, entre outros). Em segundo, priorizar apoio aos pequenos provedores, apoiando uso de infraestrutura existente, como, por exemplo, postes em rodovias estaduais e federais, por exemplo.
- Outras medidas são necessárias, tais como redesenhar as regras do FUST e proibir o desvio de finalidade desses recursos; estimular que os grandes provedores tenham preços variáveis e sensíveis às desigualdades regionais dentro do país; desenhar a política de utilização de espectro de modo a expandir os provedores comunitários, além de estimular a correta utilização do Satélite Geoestacionário para levar a internet para regiões mais distantes, beneficiando um percentual significativo da população - completa Zanatta.
Pot Ione Luques, em O Globo