quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Devassa na Ordem dos Músicos do Brasil


Gérson Tajes e o antecessor, Roberto Bueno: ação permitiu que profissionais atuem sem pagar a anuidade
No mês em que se comemora o Dia do Músico, a categoria está às voltas com uma mega auditoria, promovida pela atual diretoria, para averiguar as contas anteriores da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) e de suas regionais em todo o país. Segundo o presidente da entidade, Gérson Tajes, nos últimos 48 anos a autarquia federal foi comandada pela 'ditadura'. Tajes, que assumiu o comando em abril, disse ao Correio que há todo tipo de fraudes e suspeitas e determinou a auditoria por ordem do Tribunal de Contas da União (TCU), que defendeu maior transparências nas contas da entidade.
O levantamento começa em São Paulo, onde fica a maior seccional da entidade a qual, há dois anos, não responde um pedido, feito por um conselheiro do órgão, para exibir suas contas. Os antigos presidentes da OMB nacional e paulista estão fora dos cargos. Decisão do TCU ordenou, em 2014, que a entidade publicasse seus balanços na internet, o que não está acontecendo como se esperava. As cinco maiores regionais arrecadaram R$ 29,1 milhões entre 2008 e 2012, segundo o tribunal, sendo R$ 11 milhões apenas com taxas cobradas de shows internacionais no país.
'A Ordem nunca fez o papel que deferia fazer', afirmou Tajes, ritmista e cantor de samba. 'Tem muito desvio, dilapidação de patrimônio, enriquecimento ilícito', prosseguiu. Ele espera ver o trabalho concluído, para prestar mais informações. 'Após a auditoria feita, vamos mencionar os estados que têm problemas e os que não têm.' Tajes pediu, em 25 de outubro, que a Polícia Federal abrisse inquérito em São Paulo e narrou que integrantes da entidade venderam um carro por R$ 10 mil e ficaram com o dinheiro, além de se apropriarem das senhas de acesso dos e-mails da regional paulista.
Outros músicos ouvidos pelo jornal também criticam a falta de transparência e afirmam que os benefícios da OMB não são compatíveis com o que ela arrecada. No STF, uma ação que se arrastou por sete anos autorizou os profissionais a atuar sem a obrigatoriedade de pagarem anuidade e ou de usarem a carteirinha da entidade.
O maestro de coral e conselheiro da OMB de São Paulo Eduardo Roz pediu três vezes, em 2014, inclusive por escrito, que o então presidente da regional paulista, Roberto Bueno, exibisse as contas do órgão. Nunca foi atendido. 'A partir do momento em que não há esclarecimentos, você dá margem para especulação', disse ele ao Correio.
No site da OMB, até hoje, há apenas um balancete daquele ano, que, sem detalhar as despesas, diz que R$ 3,2 milhões é a soma do ativo, do passivo e do patrimônio líquido. A regional está sob intervenção. O presidente da comissão provisória em São Paulo, o baterista Márcio Teixeira, confirma que a transparência está devendo. 'Há muito o que se apurar, assim como há muito o que se fazer para que a OMB, a nível nacional, se ajuste à legislação atinente, de forma eficiente, e responsável, inclusive em cumprimento da transparência.'
Bueno fez acusações contra Tajes, que as nega: 'São 48 anos de ditadura. O que está acontecendo é que estão chamando a gente de bandido e dizendo que a gente não é músico. Isso tudo é para a gente não mostrar a transparência do que está acontecendo'. Bueno negou as suspeitas e disse que a auditoria foi iniciativa dele. O ex-presidente da OMB Nacional Tony Maranhão não foi localizado.
A cantora de baile e jornalista Cláudia Souza publicou em seu site uma série de documentos noticiando o que ela classifica uma briga de dois grupos pelo poder na entidade. Para ela, a OMB 'é um órgão arcaico, cuja receita arrecadada ainda é recolhida através de acordos judiciais com advogados, ao invés de métodos fiscalizáveis, como boletos bancários e DARFs'. O gaitista da Engels Espíritos, do Movimento de Valorização do Músico, diz que a Ordem não trabalha pelos profissionais, mas 'pelos interesses de seus diretores, conselheiros e presidentes'. Ele afirma que, pelo que sabe, 'nenhum' real foi investido em assistência à saúde e à qualificação profissional dos músicos, o que seria uma obrigação da entidade.
Um relatório do ministro do TCU Augusto Shermann apontou que existem 'mudanças conturbadas nas diretorias' das regionais, além de 'disputas internas', que atrapalham o controle e a fiscalização das contas.
'A Ordem nunca fez o papel que deferia fazer. Tem muito desvio, dilapidação de patrimônio, enriquecimento ilícito', Gérson Tajes, presidente da Ordem dos Músicos
Duas perguntas para Roberto Bueno, ex-presidente da OMB em São Paulo
O sr. acusa dirigentes da OMB, mas as contas de sua gestão também são criticadas…
Eu mandei fazer essa auditoria e está sub judice. Assim que terminar a auditoria, eu dou entrevista. Enquanto não terminar, eu não posso falar nada. Quem pediu a auditoria foi o maestro Godoy, e eu que atendi a solicitação dele.
É que levantam suspeitas de que o senhor…
O que disserem não me interessa. O que me interessa é preto no branco, o que está no papel. Assim que tiver uma solução do caso, eu dou entrevista. Eu não devo nada pra ninguém. Fiquei sete anos lá dentro e só fiz bem para os músicos.
R$ 29,1 milhões Total arrecadado por cinco regionais da OMB entre 2008 e 2012. 

Por EDUARDO MILITÃO, no Correio Braziliense
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As 100 mais belas fábulas da humanidade
“Era uma princesa que amou... Já não sei... Como estou esquecido! Canta-me ao ouvido e adormecerei... Que é feito de tudo? Que fiz eu de mim? Deixa-me dormir, dormir a sorrir e seja isto o fim”. Fernando Pessoa

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terça-feira, 29 de novembro de 2016

Um método simples para escrever o texto literário.



Com o livro “555 exercícios, jogos e laboratórios para aprimorar a redação da peça teatral”, abre-se a possibilidade da produção literária.

O livro compõe-se dos seguintes tópicos:
Princípios da técnica ThM-Theater Movement
As etapas para a construção da peça teatral
Os Exercícios para aprimorar a redação do texto literário
Por que planejar a elaboração do texto literário e da peça teatral? 
ThM-Theater Movement - princípios da técnica de elaboração de textos dramáticos: 
•Criatividade
•O conflito
•A estruturação do texto teatral.
•A engenharia de produção: as nuvens de ideias
•A temática abordada
•Aprenda com os melhores
•A construção, o processo.
Sob a inspiração de Shakespeare e Rodoux Faugh

Os conteúdos do livro “555 exercícios, jogos e laboratórios para aprimorar a redação da peça teatral”:
Introdução

CAPÍTULO I – o referencial teórico
Os Exercícios para aprimorar a redação
Planejar a elaboração de uma peça teatral? Para quê?
Planejamento – a metodologia ThM-Theater Movement
Sobre a Avaliação
ThM-Theater Movement: os princípios da técnica de elaboração de textos dramáticos
1. Criatividade
2. O conflito
3. A estruturação do texto teatral.
4. As nuvens
5. Quanto à temática abordada
6. A pesquisa e a investigação
7. A construção solidária e a participação intensiva
8. Lidando com o suspense
9. Um processo ininterrupto
10. Surpreenda no final
11. Aprenda com os melhores
12. A construção, o processo, a jornada.

Capítulo II – Os exercícios
A – Pequenas narrativas: início, desenvolvimento e epílogo.
I - Apresentando partes de narrativas.
II – Redigindo pequenas narrativas.
B - Pequenas narrativas: a Comédia e a Tragédia
III – Os epílogos
C – Escrevendo na forma de diálogos
IV – Os diálogos.
V – Criando minúsculas peças teatrais
V – Redigindo comédias
E – Explorando uma ideia
VI – Diálogos a partir de provérbios
VIII – Transformando estórias dialogadas em tragédias.
IX – Criando argumentos e concatenando ideias.
IX – Elaborando uma comédia e uma tragédia.
X – Ampliando a capacidade de argumentação.
XI – Trabalhando na construção dos diálogos.
F – Redigindo com palavra-chave
XII – Elaborando pequenos textos estruturados.
XIII – Aprofundando na elaboração de pequenas comédias e tragédias.
G- Redigindo com expressões
XIV – Exercitando com expressões.
XV – Consolidando a aprendizagem.
H – Escrevendo micropeças
XVI – Exercitando – a elaboração do texto teatral.
I - Sob a inspiração de Shakespeare
XVII – Inspirando em Willian Shakespeare.
J – Um roteiro para alcançar a mina
XVIII – Quando a temática é imposta.
L – Escrevendo de forma diferente
XIX – Desenvolvendo a capacidade de elaborar paráfrases.
XX – A linha de produção.
Princípios da técnica ThM

Capítulo III - Exercícios complementares
Inspirando em Rodoux Faugh
Inspirando em Esopo


Para saber mais sobre o livro, clique em sua capa, logo acima.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Gêmeas de 7 anos criam canal de vídeos sobre literatura infantil

As gêmeas cariocas Beatriz e Juliana Mello, de 7 anos, criaram um canal de vídeos no Youtube para divulgar dicas de obras literárias infantis: Dicas da Bia e da Juju. Até agora, já foram publicadas 24 gravações sobre livros de autores diversos: nomes consagrados, como de Ruth Rocha e Ana Maria Machado, e escritores jovens, como Thalita Rebouças.
A ideia surgiu quando a professora das meninas, na escola, sugeriu que elas treinassem mais a leitura em voz alta. Para estimular as irmãs a realizar o exercício, deu a dica de que registrassem tudo em vídeos, para poderem assistir depois e se autoavaliarem. 
“Na hora de gravar, sugeri que contassem um pouco o que acharam do livro para ficar mais divertido”, conta a mãe das gêmeas, Ana Carolina Trotta, 39 anos. “Ao terminar, elas viram e pediram para mostrar ‘para todos os amigos e todas as crianças’.”
A primeira publicação de vídeo na Internet ocorreu em setembro de 2015, quando o canal ainda não tinha um nome. Seis meses depois, as irmãs continuam empolgadas com a ideia,
Juliana prefere as coleções Go Girl, Bruxa Onilda, Bruxinha Winnie e Casa Amarela. Também aprecia as revistas da Turma da Mônica, do Menino Maluquinho e do Riquinho. Já Beatriz constuma ler Ziraldo, Ruth Rocha e Ana Maria Machado.
A mãe das meninas garante que, além da escola, a família também sempre incentivou o hábito de leitura. "Uma mania que eu e meu marido sempre tivemos é, nas idas ao shopping, parar em uma livraria específica, e elas já pedem para ir lá. Adoram”, afirma Ana Carolina.
G1
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MP vê nova ofensiva contra Lava Jato
Procuradores criticam proposta que prevê anistia a executivos de empresas acusadas de Corrupção que celebrarem acordo de leniência 
Os procuradores da República que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba afirmaram ontem ver uma nova ofensiva no Congresso para “enterrar investigações” e anistiar executivos de empresas acusadas de Corrupção. Segundo eles, uma proposta que muda a regra para acordos de leniência – espécie de delação premiada para as companhias – abre brecha para livrar executivos de punição penal. “Significa que, se uma empreiteira que teve os executivos condenados fizer um acordo com o Executivo, nos termos desse projeto, mesmo presos e já condenados, eles terão sua punibilidade extinta, serão imediatamente soltos por não terem mais responsabilidade por crime algum”, disse o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa, em Curitiba. “Querem enterrar a Lava Jato”, completa. A proposta em questão está em um projeto substitutivo em elaboração pelo líder de governo na Câmara, André Moura (PSC). A medida altera a Lei Anticorrupção, que vigora desde 2014, para incluir várias regras de interesse de empreiteiras investigadas na Lava Jato. 
Algumas se assemelham às da medida provisória 703, editada pela presidente cassada Dilma Rousseff no fim de 2015 e que já foi alvo de críticas da força-tarefa de Curitiba, sob o argumento de que favorecia empresas e executivos corruptos. O texto expirou neste ano, sem ser convertido em lei pelo Congresso. Até aqui, o Ministério Público Federal aponta 28 empreiteiras que teriam se organizado em cartel, ou foram beneficiadas por ele para desviar recursos da Petrobrás. Construtoras como a Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa já confessaram os crimes praticados por seus executivos – que fecharam acordos de delação premiada – e firmaram acordo de leniência com a Procuradoria. Só a Andrade concordou em devolver R$ 1 bilhão aos cofres públicos. Segundo os procuradores, a proposta abre possibilidade também para que empreiteiras recebam de volta bens bloqueados e os valores já ressarcidos aos cofres da Petrobrás. “(A aprovação da proposta) impactaria todo o cenário de negociação de acordos de leniência que pode implicar no desinteresse das empresas em trazer novos fatos e informações de provas sobre crimes não descobertos”, afirmou o procurador Deltan Dalagnoll, coordenador da Lava Jato em Curitiba. 
A preocupação é também com um possível efeito dominó que a “anistia” poderia provocar nas delações premiadas, fechadas com pessoas físicas. “Por que fazer acordo, se você pode conseguir esse mesmo benefício através de uma acordo de leniência feito pela sua empresa?”, questionou Lima. Os procuradores afirmam que não é a primeira tentativa de alterações legais com objetivo de atingir as investigações sobre Corrupção no País. Eles citam outros exemplos, como o projeto que muda a Lei de Abuso de Autoridade, a possibilidade de anistia ao caixa 2 eleitoral e a intenção de incluir parentes de políticos no programa de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior. Ajustes. O anteprojeto foi apresentado ontem a órgãos de investigação do governo, como Tribunal de Contas da União (TCU) e Procuradoria, pelo líder do governo e pelo ex-deputado Sandro Mabel, um dos principais assessores do presidente Michel Temer. Ontem, porém, o deputado negou ao Estado ser o autor da medida. “A Lava Jato fez uma (entrevista) coletiva de um texto que não existe. 
Não conheço nenhum relatório”, afirmou. O texto, que não havia sido apresentado oficialmente até o a noite de ontem, foi distribuído apenas em papel pela liderança do governo às demais bancadas da Câmara, segundo deputados. Um deles disse que recebeu o material do próprio Moura. A minuta do substitutivo, obtida pelo Estado, diz que os acordos serão celebrados pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União, órgão de controle interno do governo, e as pastas correspondentes de cada ente da Federa- ção. Eles poderão assiná-los sozinhos ou em conjunto com o Ministério Público e a advocacia pública – no caso do governo federal, a Advocacia-Geral da União (AGU). Moura e Mabel participaram das negociações que envolveram empresários, centrais sindicais e ministros do TCU, que pleiteiam participação nas negociações. 
Na reunião com entidades no Planalto, o ministro da Transparência, Torquato Jardim, defendeu que o TCU seja contemplado. “A Constituição obriga (a participação do TCU)”, disse. Questionado se o governo encampou o projeto, ele disse não saber e afirmou que, no encontro, só tratou na questão que envolve a participação de órgãos com “competência constitucional” para celebrar os acordos. Substitutivo. Além de dar margem para que empresários se livrem de ações penais e de improbidade, com extinção de punibilidade após acordo de leniência, a minuta do substitutivo traz outras regras que limitam possibilidades de investiga- ção e de cobrança de prejuízos às pessoas jurídicas. Suprime, por exemplo, o trecho que exige a celebração do acordo apenas com a primeira empresa que manifestar interesse. Assim, outras envolvidas nas mesmas ilegalidades poderão ser contempladas e obter benefícios. 
A primeira proponente passa a ter o direito a 100% de abatimento na multa prevista na lei, de até 20% do faturamento. As demais poderão obter perdão de até dois terços da sanção. Para o advogado especialista em leniência, Walfrido Warde Júnior, a proposta esbarra numa questão legal. “Ela quer atribuir à CGU o poder de transacionar sobre a ação penal. E a CGU não tem esse poder”, disse. Em sua opinião, o projeto repete outras tentativas frustradas de, segundo ele, “cassar por meio de uma lei ordinária a competência constitucional do MP, que é o autor da ação de improbidade e da ação penal”. 
PROJETOS ‘NA MIRA’ 
Lei de Abuso de Autoridade O projeto que tramita desde 2009 e foi desengavetado neste ano pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), prevê punição em casos como publicidade de investigação antes de ação penal ou por constrangimento causado por depoimento sob ameaça de prisão. 
Anistia para caixa 2 Proposta que tipifica no Código Penal a prática do caixa 2 eleitoral, na visão de alguns parlamentares, pode abrir brecha para anistiar quem cometeu a irregularidade antes da aprovação da nova regra. 
Repatriação de recursos Novo projeto que tinha como objetivo alterar o programa de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior previa incluir familiares de políticos como beneficiários da medida. Sem acordo entre parlamentares da base e da oposição, a proposta não avançou. No texto aprovado na Câmara, emenda proíbe a participação de parentes de políticos. 
Anistia a executivos em caso de acordo de leniência Medida ainda em discussão prevê a extinção da punibilidade penal a executivos de empresas acusadas de Corrupção que fecharem acordos de leniência.
Por Ricardo Brandt / Fábio Fabrini, em O Estado de S. Paulo
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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

"Giordano Bruno: a fogueira que incendeia é a mesma que ilumina". Novo lançamento. Pré vendas na amazon.com.br


Ex monge dominicano, nos oito anos em que padeceu na prisão se submeteu a todo tipo de violência e opressão para que se retratasse, renegando suas convicções. O brutalizaram em vão. A congregação católica não logrou o êxito que obteria, poucos anos depois, com Galileu Galilei. Este, para não morrer na fogueira, teve que, de joelhos, abjurar toda a sua consistente obra científica e filosófica.

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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

A escola de onde os alunos não querem sair




Do alto do pátio da Escola Municipal André Urani dá para ver, olhando para baixo, o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar e a Lagoa, ícones da cidade rica. Para cima, surge a comunidade da Rocinha – a maior do país, com quase 70 mil habitantes, símbolo da desigualdade.

“Tem até um muro ali, tá vendo?”, aponta o aluno João Paulo do Nascimento, de 14 anos. “Ele simbolicamente divide a cidade em duas.”

“E nós estamos bem no meio, entre elas”, acrescenta o também estudante João Victor Luiz, de 15 anos.

A metáfora da cidade partida não poderia ser mais apropriada, sobretudo partindo das observações e conclusões dos dois meninos.

A escola, onde estudam 240 adolescentes da Rocinha e comunidades vizinhas, é um Ginásio Experimental de Tecnologias Educacionais (Gente) – uma parceria da Prefeitura com a iniciativa privada, cujo objetivo é testar metodologias de ensino inovadoras.

Aqui, não existe quadro negro, nem carteiras individuais. Desaparecem as turmas tradicionais, surgem os times, que reúnem, em um grande salão, alunos do sétimo, oitavo e nono anos. A internet não é proibida, pelo contrário, ela é parte central do aprendizado.

Munidos de computadores e livros, os estudantes se sentam em mesas hexagonais, uns de frente para os outros, e estudam juntos. Na verdade, eles seguem planos de estudo personalizados, disponíveis em seus laptops, mas contam com a ajuda dos colegas e de suas próprias pesquisas online. Tudo isso sob a monitoria de professores de diferentes disciplinas.

“Um médico do século 19 que chegasse hoje a um hospital não conseguiria fazer absolutamente nada, porque tudo mudou”, compara o diretor-presidente da Fundação Telefônica-Vivo, uma das empresas parceiras da escola. “Mas um professor não, é basicamente a mesma coisa. Ou seja, temos escolas do século 19 para alunos do século 21. As escolas inovadoras são muito poucas.”

Laboratórios como estímulo

Nos chamados laboratórios, mais parecidos com as salas de aula tradicionais, os jovens recebem um reforço de conteúdo nas disciplinas em que apresentam mais dificuldades. São sete horas dentro da escola – duas a mais do que as escolas brasileiras oferecem em média – e ninguém parece ter pressa de ir para casa.

“Só mais meia hora”, pedem os alunos da professora de Português Luana Rezende, que transformou o ensino da língua em um divertido jogo. “Por favor!” A turma só se convenceu a descer para almoçar depois que Luana prometeu retomar o jogo exatamente do mesmo ponto, na semana seguinte. “Eu estou muito cansada, gente”, justifica ela, orgulhosa, o sorriso de orelha a orelha.

No total, são 16 professores trabalhando em tempo integral na escola. Nos projetos especiais, os alunos trabalham com várias disciplinas ao mesmo tempo. Foi assim ao longo da última semana de outubro, por exemplo, quando eles estudaram o Halloween, tanto nas aulas de inglês quanto de história, e, por fim, fizeram uma festa.

Foi assim também que eles estudaram o nazismo, construindo uma maquete de Auschwitz, no laboratório de ciência, e escrevendo cartas, nas aulas de história, como se fossem prisioneiros do campo de concentração em 1944. “Temos cartas de judeus, claro, mas também de comunistas, de ciganos, de todos que estiveram presos no campo”, explica João Paulo.
Silêncio e concentração

A escola experimental atende alunos do sétimo ao nono anos apenas. Eles vêm de escolas tradicionais na própria comunidade e, depois, seguem estudando em lugares convencionais.

“No começo, é difícil”, conta a diretora da André Urani, Marcela Oliveira. “Eles chegam aqui esperando receber ordens, querem que a gente resolva os problemas. Por outro lado, quando percebem que têm autonomia, deixam de fazer os trabalhos, começam a burlar as regras. Depois, com a orientação dos mentores, eles vão se adaptando.”

A adaptação é surpreendente. Em toda a escola, reina um silêncio inesperado para um local repleto de adolescentes. Mesmo na hora do recreio, o burburinho é mínimo.

“Eles são adolescentes, continuam sendo, mas têm autonomia, não precisam mostrar toda a sua indignação”, explica Marcela. “Daí o silêncio que você está vendo.”

Os alunos se entristecem ao falar de sua saída eminente da escola.

“Estamos tentando convencê-los a fazer uma sala de aula extra para que possamos continuar aqui”, diz João Victor.

“Não queremos ir embora de jeito nenhum”, garante João Paulo.

Resignados, no entanto, eles fazem planos de voltar em dez anos.

“Eu vou ser professor de História”, conta João Paulo.

“E eu de matemática”, arremata João Victor.


UOL

Dicas para incentivar a leitura infantil



 Dicas para incentivar o hábito da leitura infantil
A criança que lê adquire cultura, passa a escrever melhor, tem mais senso crítico, amplia o vocabulário e tem melhor desempenho escolar, dentre muitas outras vantagens. Por isso, é importante ter contato com obras literárias, desde os primeiros meses de vida. Mas como fazer com que crianças em fase de alfabetização se interessem pelos livros? É verdade que, em meio a brinquedos cada vez mais lúdicos e cheios de recursos tecnológicos, essa não é uma tarefa fácil. Mas pequenas ações podem fazer a diferença.

A família tem o papel de mostrar para a criança que a leitura é uma atividade prazerosa, e não apenas uma obrigação. As crianças precisam ser encantadas pela leitura.

Para isso, há diversas atividades que os pais e outros familiares podem colocar em prática com a criança e, assim, fazer do ato de ler um momento divertido.

No período da alfabetização, é interessante misturar a leitura com brincadeira, fazendo, por exemplo, representações da história lida, incentivando a criança a criar os próprios livros e pedindo que a ela ilustre uma história. Além disso, para encantar as crianças pequenas, é essencial brincar com o livro e sempre valorizá-lo. Fica então uma dica: nunca reclame dos preços dos livros diante do seu filho.


A seguir, confira algumas dicas que, se realizadas com determinação e disposição, podem garantir que o seu filho em fase de alfabetização seja um pequeno grande leitor:

1. Respeite o ritmo e o gosto do seu filho
Não se preocupe caso ele leia livros que você considere muito infantil. Cada criança vai apresentar uma evolução diferente em relação isso. Provavelmente, ele escolherá livros diferentes do que você escolheria para ele e seu respeito em relação a isso é essencial. Incentive a leitura que parecer mais agradável a ele e, aos poucos, ele próprio irá buscar outros estilos.

2. Faça passeios que tragam a leitura para o cotidianoProcure proporcionar passeios a livrarias, bibliotecas, museus e ambientes que façam parte de cenários dos seus livros. Por exemplo: caso ele esteja lendo algo sobre animais, proporcione um passeio ao zoológico.

3. Incentive a leitura antes de dormirEnquanto o pequeno ainda não souber ler, leia para ele todas as noites. Isso vai fazer com que ele tenha vontade de aprender ainda mais rápido. Assim que ele próprio já puder fazer a leitura, incentive para que ele tenha alguns minutos para isso, todas as noites, e providencie um abajur para ficar ao lado da sua cama.

4. Improvise representações dos livrosOrganize apresentações teatrais entre ele e seus amigos, para que encenem a história que acabou de ler. Ajude-os na criação de cenários e figurinos e chame uma pequena plateia para prestigiá-los.


5. Organize um clube do livroProponha aos pais dos amigos do seu filho que criem um clube do livro. A cada mês, escolham a história para que todos leiam e depois organizem debates e encenações sobre a obra. Podem ainda promover trocas de livros entre si, incentivando assim que eles conheçam diferentes tipos de estilos literários.

6. Ajude-o a ler melhorCaso a criança tenha dificuldades para ler, é essencial que os pais o ajudem nisso. Leia para ele, acompanhe suas leituras em voz alta, tire dúvidas e o incentive a não desistir.

Expresso MT

"Estórias maravilhosas para aprender se divertindo", uma coleção com 10 livros infantis e juvenis:


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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O planejamento estratégico e Shakespeare

Conforme o momento histórico, Shakespeare foi construindo nuvens com peças dotadas de diferentes características, propriedades específicas para cada fase de sua produção literária. “Medida por Medida” e “Bem está o que bem acaba” integram o que se convencionou denominar “comédias sombrias”, peças onde tensão e situações cômicas as categorizam em desacordo com outras comédias do dramaturgo como “A comédia dos erros”, “As alegres comadres de Windsor” e “Sonho de uma noite de verão”. E a explicação é singela: foram elaboradas no mesmo período em que o autor escreveu Hamlet e Otelo, grandes obras da literatura universal que elevam a tragédia ao ápice do gênero teatral. 

Na peça “Medida por Medida”, com inusitada habilidade, Shakespeare discute administração pública, direito e corrupção de maneira magistral. 

O universo da administração pública adotado na peça é largo e profundo. Entrelaçados às cenas emergem assuntos como

- o autoritarismo oriundo do poder divino do rei, as prerrogativas do monarca e a antecipação do liberalismo;
- a descentralização administrativa;
- o abuso do poder na administração pública;
- os limites da delegação de competência;
- accountability, fiscalização e controle;

Quanto ao direito, lança um forte debate sobre quesitos por demais importantes para a humanidade: 

- a aplicabilidade das leis mesmo quando se apresentam fora de uso por um longo tempo, gerando disfunções de toda ordem;
- a execução da pena quando esta resulta de uma lei extremamente dura;
- a discricionariedade do juiz na aplicação da lei, a subjetividade do magistrado e a fragilidade dos paradigmas que orientam o sistema de decisões no judiciário;
- a distribuição da justiça.

Especial enfoque o Bardo dá ao tema da corrupção, mostrando:

- a moral e a ética corroídas pelos interesses pessoais e pelo tráfico de influência;
- a força do poder para alterar o caráter dos administradores.

Neste aspecto Shakespeare nos faz refletir sobre a utilização do Estado enquanto instrumento de satisfação dos interesses pessoais.

E todo este universo é entrecortado por discussões sobre o amor e o ódio, a moral e o imoral, o sexo e a abstinência, a clausura e a liberdade, a prisão e a salvação, a vida e a morte.

O presente livro, além de disponibilizar a versão original de “Medida por medida” de Shakespeare, apresenta um conjunto de ensaios contextualizando a peça teatral às questões que incendeiam os panoramas contemporâneos brasileiro e latino-americano como corrupção, estado e administração pública; controle e accountability; direito e administração da justiça. 

O livro integra a Coleção Quasar K+:


Livro 1: Quasar K+ Planejamento Estratégico; 

Livro 2: Shakespeare: Medida por medida. Ensaios sobre corrupção, administração pública e administração da justiça;


Livro 3: Nikolai Gogol: O inspetor geral. Planejamento estratégico e planejamento marginal;


Livro 4: Liebe und Hass: nicht vergessen Aylan Kurdi. A visão de futuro, a missão, as políticas e as estratégias; os objetivos e as metas;

Livro 5: Giordano Bruno - a fogueira que incendeia é a mesma que ilumina. 

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Uma justa homenagem a Adoniran Barbosa

Câmara de São Paulo aprova lei que torna patrimônio obra de Adoniran Barbosa

A Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou projeto de lei que declara como patrimônio histórico e cultural a obra do sambista Adoniran Barbosa. A proposta do vereador Toninho Paiva (PR) foi enviada para sanção do prefeito Fernando Haddad.

Pelo texto, a municipalidade passará a ser obrigada a garantir a preservação de toda a obra do artista, “incluindo as composições e poesias”. Ou seja, agora fazem parte oficialmente do patrimônio cultural paulistano, as canções Trem das onzeSaudosa MalocaTiro ao ÁlvaroIracema e Samba do Arnesto.

Adoniran era o pseudônimo do cantor compositor João Rubinato, nascido em 1910, em Valinhos, na região de Campinas. Como conta a biografia anexada ao projeto de lei, na juventude, o músico abandonou os estudos e trabalhou como entregador de marmitas, encanador e garçom.

Após arrumar um emprego na capital paulista, aos 22 anos, passou a participar de programas de calouros em rádios. Em 1941, foi trabalhar na Rádio Record como ator cômico e locutor.

Foi lá que conheceu o grupo Demônios da Garoa, com quem teve longa e próspera parceria.

Poesia com erros gramaticais

O modo de falar simples e com pequenos erros gramaticais é uma das marcas da obra de Adoniran, conforme destaca a justificativa do projeto de lei. Em alguns casos, aparece em um jogo de palavras, como o apaixonado Álvaro, que também é um jogo de palavras com “alvo” em Tiro ao Álvaro. O personagem é o destino certo das frechadas [flechadas] disparadas pelo olhar da moça, mais mortíferas do que veneno estriquinina e bala de revorver .

A partir dessa poesia, identificada com as camadas menos favorecidas da população, Adoniran contava histórias de eventos diários que, às vezes, chegavam à crítica social, como no despejo de Saudosa Maloca. “Peguemos todas nossas coisas e fumo pro meio da rua, apreciá a demolição/ Que tristeza que nós sentia/ Cada táuba que caía, doía no coração”, compôs Adoniran, dando voz aos sem-teto que observam a derrubada do imóvel onde tinham vivido nos últimos anos.
Por esse tipo de sensibilidade, o vereador ressalta que o compositor “retratou com maestria o cotidiano paulistano”, o que justifica a preservação de seu trabalho.

Adoniran morreu em 1982, aos 72 anos.

Por Daniel Mello, da Agência Brasil

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Adoniran Barbosa - Programa Ensaio 1972. Assista ao vídeo



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O direito e a corrupção na obra de Shakespeare, aqui.
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terça-feira, 22 de novembro de 2016

De onde vêm as palavras: Macaco velho não mete a mão em cumbuca


A impunidade vinha sendo de tal ordem que macacos, velhos ou novos, metiam a mão na cumbuca.

Os bichos frequentam a nossa conversa mais do que imaginamos. Mesmo que um dos presos estivesse bêbado como um gambá, quando celebrava em Paris a cachorrada que fizera com a riqueza do Rio, os brasileiros estão cansados de engolir sapos.

Mas procuradores, promotores de justiça e investigadores não são burros, e juízes não são antas. Muitos dos corruptos e corruptores já engaiolados são cobras que perderam o veneno, mas há outros ainda soltos, para os quais a vaca não foi pro brejo.

Delações premiadas já deram nomes aos bois. Os colaboradores confidenciaram que nem todos os presos são bois de piranha e lamentam ter navegado em rios cheios destes teleósteos de dentes afiados. Avisaram que são tão ameaçadores e vorazes que onde eles atuam até experientes jacarés nadam de costas.

Todavia os investigadores sabem que meliante político é mais liso do que peixe ensaboado. E acusar o outro pode ser apenas uma forma de salvar a própria pele. Afinal, todos sabem que muitas vezes o periquito leva a fama, mas quem come o milho é o papagaio .

O costume de macacos meterem a mão na cumbuca foi registrado pela primeira vez no Diálogo das Grandezas do Brasil, livro atribuído durante muito tempo a Bento Teixeira. Mas era prosopopeia.

Capistrano de Abreu descobriu o verdadeiro autor: Ambrósio Fernandes Brandão, judeu convertido à força pela Inquisição e pelo Santo Ofício. Tornado cristão-novo, ele se estabeleceu como senhor de engenho na Paraíba ainda no século XVI.

A semana trouxe políticos graúdos para o zoológico das prisões. Foram presos dois ex-governadores. O juiz Sérgio Moro, que mandou prender Sérgio Cabral Filho, resumiu a ópera: “governadores ricos, povo pobre”.

O outro juiz, Glaucenir Silva de Oliveira, que mandou prender Garotinho, esclareceu: “toda vez que o réu tem seus interesses contrariados pela Justiça, ocupa-se de tentar denegrir a imagem de magistrados”.

Aproxima-se a hora da onça beber água. Os juízes não estão comendo mosca e daqui a pouco será posto o guizo no pescoço de outros gatos.

Deonísio da Silva, no blog de Augusto Nunes

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O direito e a corrupção na obra de Shakespeare, aqui.
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